“Meu coração tropical está coberto de neve” Morre Abdias do Nascimento, que Olorum o receba na sua graça."
Morre não só um ex-senador da República, um ex-deputado, um militante do movimento negro, morre, como ele mesmo disse uma vez na plenária do senado:
“Um sobrevivente do maior holocausto já vivido por um povo na História da Humanidade: mais de 200 milhões de assassinatos entre os portos de embarque na África, os porões dos navios negreiros, e as Américas. São 500 anos de escravidão no Brasil, escravidão que ainda perdura nas formas vergonhosas de opressão, da humilhação e da discriminação racial. Estão ouvindo, srs. Senadores, um filho desse povo heroico construtor de civilizações milenares, que veio acorrentado para as terras “recém-descobertas” das Américas.”
E foi contra essas escravidão e opressão que Abdias lutou pela vida toda, como um incansável combatente. Deixo aqui meu pesar por sua morte, mas sei que essa hora o panteão de Orixás estão felizes por recebê-lo, fica para nós o seu legado de luta e coragem.
O que eu admiro em Abdias do Nascimento é a sua irredutível consciência racial. Por outras palavras: trata-se de um negro que se apresenta com tal, que não se envergonha de sê-lo e que esfrega a cor na cara de todo mundo.
Franca, S. Paulo, 14 de março de 1914 a 24 de Maio de 2011 na cidade do Rio de Janeiro.
Por Rosangela Fonseca
Rosangela é pesquisadora e admiradora da obra e da vida de Abdias do Nascimento.
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